VII | Senhor março

 

O tempo voa. É a frase do milénio. Voa mesmo, até janeiro que costuma ser o mês que mais custa a passar, passou enquanto piscava o olho. Ontem, eu estava grávida e fui internada, onde três semanas depois nasceu o meu filho. E hoje, o Francisco já fez um ano, estamos no segundo ano de uma pandemia que, supostamente seriam apenas quinze dias e ainda, não sendo suficiente, o mundo está a tremer e a rezar, não só para a guerra terminar e pelas vidas dos Ucranianos, mas também para que esta guerra não se torne mundial.

Quero mesmo acreditar que março será ótimo. Pelo menos numa coisa que já espero há tanto tempo e que, tem hora e dia deste mês, mas depois falo melhor sobre isso. Também faz um ano que o meu irmão morreu, mais uma vez passou a voar. O meu pai faz 64 anos e de resto, não há mais nada de especial. Só desejo uns bons dias de chuva para acabar com a seca, e ai de quem reclamar! Outra coisa que decidi, começando pelo começo para que possam entender. Uma coisa que eu tinha medo era que o meu filho não gostasse de mim por estar numa cadeira de rodas e não poder fazer o normal nele como trocar as fraldas, dar banho, vesti-lo. E de facto tive uns meses em baixo, a chorar porque nos três primeiros meses, ele amava o meu colo, dormir em cima de mim, que lhe desse o biberão, que falasse com ele e até se ria. Mas, quem faz por ele o que não posso, é a minha mãe. Depois, começou a crescer, a não querer estar só deitado, a chorar no meu colo. Então tudo passou a ser a avó. Nunca tive ciúmes, mas fiquei muito mal, a pensar que ele já não me reconhecia como mãe. Mas não podia estar mais errada, apenas se estava a desenvolver e tal como a mãe dele (eu), gosta de ser independente, de estar livre, de explorar e descobrir tudo à sua volta.

Hoje, o meu filho dá-me um sorriso rasgado de cada vez que me vê. Fica feliz da vida sempre que o chamo de cara linda. Obedece só a mim, procura a minha aprovação, quando não me vê procura-me. Adorava vir para a minha beira na cama, ver o Panda e os Caricas no computador, gosta que o abrace e encostar a cabeça no meu peito enquanto isso. Adora a minha cadeira e sorri quando me maquilho.  São todas formas de dizer que ama, sem o dizer, porque não fala! Então decidi que se o meu filho gosta de ver a mãe arranjada, então vou tomar mais conta da minha aparência, afinal o meu filho merece isso mais do que ninguém! Mas depois falo melhor sobre esses cuidados. ♥